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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

PARTIDA

Nada liberta mais que a morte
Nada interessa mais que a liberdade
Preciso ser livre para morrer

Deixando aqui minhas crenças
Enterrando aqui as ideologias
Largando os meus títulos
Despindo-me da carne
Esquecendo-me de rótulos
Largando o peso da minha autoridade

Nada mata mais que a liberdade
Nada interessa mais que a morte
Preciso morrer para ser livre

Deixando aqui os meus erros
Enterrando aqui minhas vergonhas
Largando os meus vícios
Despindo-me dos prazeres
Esquecendo-me de amores
Largando o peso de minha vaidade

Nada interessa mais que morrer e ser livre
Nada mata e liberta mais que o interesse
Preciso não me interessar por mais nada

Deixando pra trás minhas pegadas
Evitando buscar se alguém me segue
Largando meus medos exacerbados
Despindo-me dos vínculos
Esquecendo-me das promessas
Largando o peso da minha inutilidade

A morte é inexorável
A liberdade é abstração
Preciso parar com subterfúgios

Largar minha filosofia burguesa
Enterrar de vez o reinício do ciclo
Despir-me do apego ao fútil
Largar o destino, folclórico
Esquecer do que nunca fiz
Deixar livre quem conviveu comigo

Enfim.

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